Em 10 de dezembro de 2014, numa deslocação expressamente feita do Norte a Agualva-Cacém para encontro com o Marques, finalmente localizado decorridos 43 anos:
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Deslocação aos arredores de Lisboa
Depois
de um interregno de 43 anos e 160 dias, eis que chegou o tão ambicionado
momento de novamente reatar uma amizade que, prevalecendo ao longo de uns bons dois
anos, e se encontrava desmembrada em virtude da nefasta falta de notícias
(actual residência) do nosso companheiro Marques, originário, da cidade mais
alta de Portugal, Guarda. Depois de muitas pesquisas e algumas demarches
realizadas pelo ex-companheiro e Condutor-Auto Carvalho, do Porto, foi possível
descobri-lo às portas de Lisboa, em Agualva-Cacém. Conseguido o ambicionado
contacto com o “filho” que se encontrava perdido e ausentado da família da
Companhia de Caçadores 2506, Batalhão 2872, foi marcado um encontro, tendo este
ocorrido no passado dia 10 de Dezembro junto a sua casa, no Cacém, um pouco
antes do meio-dia.
Foi um
momento marcante e inesquecível para todos os presentes. Digo presentes, porque
o meu amigo Carvalho, com quem desde algum tempo falávamos deste assunto,
aliás, como vinha acontecendo com o Mota, fez questão de nos convidar para o acompanhr.
Por coincidência, o nosso amigo Mota, infelizmente, tinha compromissos para
esse dia de cariz familiar e inadiáveis, não sendo possível acompanhar-nos. O
dia 10 era, todavia, o mais indicado para o encontro, atendendo aos afazeres e
responsabilidades que o amigo Carvalho é detentor na sua empresa, e, por isso,
não havia de momento outra data disponível que, porventura, viabilizasse a
contento de todos. Perante as circunstâncias, seguiram a caminho do encontro,
fazendo companhia ao Carvalho: os ex-Condutores Almeida, de Gaia; Freitas, de
Vila Nova de Famalicão; e o Boavista, de Moscavide, que, na passagem por ali,
tomou o seu lugar na viatura fazendo-nos companhia.
Adega
Típica da Tala, em Belas, “conforme a imagem o documenta”, foi, por critério do
recém-regressado Marques ao seio do companheirismo sem limites que existe na C.
Ç. 2506, o local escolhido para o repasto e, porventura, também por reunir
todas as condições para pôr em dia as saudades e lembranças de uma longa
ausência de mais de 43 anos. Nas quase seis horas que ali estivemos reunidos,
muito foi dito, contado ou lembrado, e muitas fotos passaram de mão em mão,
recebendo os comentários e análises mais apropriados, condizentes, todavia, com
as situações patenteadas. Para o Marques, principalmente, as fotos, fizeram-no
regressar ao passado. Sim, porque do seu passado, enquanto nosso companheiro de
aventura, só tinha imagens, mas, estas, só na sua memória. Todas as fotos que
possuía (como qualquer um de nós tem) em consequência de determinada
circunstância, “ que eu diria de azar”, foram liminarmente destruídas.
Entretanto,
e no continuar da franca e amena cavaqueira, relembrando os vários episódios
passados juntos, o Carvalho faz-se ouvir e passando o seu telélé para as mãos
do Marques diz: -atende, tens do outro lado da linha o nosso companheiro, o ex-Furriel-Miliciano Mota, agora, e só, apenas, Carlos Mota. Foi extraordinário e
inolvidável aquele momento: o podermos assistir e ouvir o que diziam, e pela
importância que representava aquelas vozes, que novamente se cruzavam passados
tantas dezenas de anos. Tocou bem fundo nos sentimentos de cada um. Depois dos
cumprimentos trocados, o Mota dizia! “Vais estar presente no próximo almoço-
convívio em Penela? Todos fazemos questão de te ver e abraçar. O Marques, com
um sorriso de orelha a orelha e acenando a cabeça em sentido afirmativo,
confirmava a pretensão”.
Mais
momentos como este, quem sabe, ainda possam vir acontecer num futuro próximo,
já que ainda há companheiros que, possivelmente por desconhecimento, se mantêm
ausentes. Com algum esforço e persistência, se todos convergirem na busca de
elementos palpáveis, muitas outras alegrias podem acontecer.
E,
assim, mais um antigo companheiro foi encontrado e repescado da escuridão em
que se encontrava, em virtude das circunstâncias que levaram ao seu
involuntário afastamento daquela luz, que ainda mantem bem viva a harmonia
existente, nos persistentes e resistentes da Companhia de Caçadores da 2506.
Doravante, já poderá fazer parte dos nossos convívios anuais o que nos honra a
todos.
Este é
um testemunho inquestionável, que os meus amigos. por certo, corroboram.
Manuel
Freitas - Ex-Condutor
Auto da 2506
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