INSÍGNIA E LEMA

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terça-feira, 26 de março de 2019

OS "BOSQUÍMANOS" NAS "TERRAS DO FIM DO MUNDO"

Os "Bosquímanos" nas "Terras do Fim do Mundo", Dirico, Angola, 1970. Redacção de Fernando Temudo em Março de 2019.

Há quem lhes chame Povo San,Camussequeles,Kamussekeles ou Boxímanos. 
Estudos recentes revelaram que são o Povo mais antigo do Mundo.Também,que terão sido os primeiros habitantes de Angola. 
Acompanhei de perto os Bosquímanos no Dirico durante os cinco mêses em que estive na situação de Destacado nesta localidade pela Companhia 2506,no ano de 1970. 
Recordo-me que se entendiam por meio de estalidos da língua (cliques). Nunca os vi usarem a escrita,fazendo supor que as Suas Memórias passam de geração em geração. Obedeciam a um Chefe por eles escolhido,que detinha poderes muito relevantes,nomeadamente o de decidir da vida e da morte.Falava Português e era ele que se relacionava directamente connosco nos assuntos respeitantes à sua Comunidade. 
Quando os homens,em pequeno grupo,saíam do seu acampamento para caçar,apenas levavam consigo os tradicionais arcos e flechas e uma embalagem de quilo de sal. 
Sendo um Povo Nómada,a população que vivia no Dirico poderia deslocar-se para outro território devido a factores naturais cíclicos ou ocasionais não favoráveis, ou para fugirem do alcance de inimigos. 
Os Bosquímanos,sempre amigos dos Portugueses,não tinham destes inveja. Pois os "bens", "estilo de vida" e "escala de valores" dos Portugueses,não lhes interessavam. 
Não se cruzavam com outras Raças o que lhes permitia,com essa atitude,continuar a manter as suas características que os definiam como um Povo. 
As presentes fotografias foram tiradas sem "poses",mostrando as actividades do dia a dia. Evitavam ser fotografados e não favoreciam a  aproximação de estranhos. Reconheço que tive de me aproximar demasiado do seu "espaço" para os fotografar,em virtude de a minha máquina fotográfica não possuir lentes zoom. 
Espero que gostem das fotografias que considero Históricas. Nesta data,este Povo vai sobrevivendo com muita dificuldade. Não é possível aos Bosquímanos,continuar a resistir aos efeitos do negócio das madeiras que conduz ao abate das árvores nos seus territórios ancestrais,provocando a escassêz de animais de caça. Não esquecendo outras influências tais como a prospecção de jazigos de diamantes e o desenvolvimento do turismo. Os Bosquímanos,não se conseguem adaptar a estas mudanças,que também impedem o uso da característica de um Povo Nómada,ou seja,fugir com rapidez dos seus inimigos de sempre,agora mais poderosos e modernamente armados. Só lhes restará ,talvez,uma "Reserva" para viverem e os salvar da extinção. 
São,assim,fotografias que testemunham um Tempo em que os "Bosquímanos" ainda eram "Livres",beneficiando da protecção dos Portugueses,enquanto esta durou. Quando terminou e viram o seu destino ameaçado de morte,insurgiram-se contra o seu Deus.Não entendiam porque "Ele" houvera escolhido para o seu Povo o "Mal e não o Bem". Para não sofrerem tanto e continuarem a acreditar no seu Deus,preferiram aceitar como seus erros a culpa pela "má fortuna" recebida,pois tinham confiado demasiado nos poderosos Brancos Portugueses fardados e armados,que de repente e sem uma explicação, sem uma despedida,fugiram,sumindo,abandonando os seus irmãos Brancos sem farda, que desvairados,deixando casas e recheios ao relento, também desapareceram,para não mais voltarem. Afinal,no seu entendimento,o Deus dos Brancos não tinha poder nenhum. Agora, expiavam o castigo da sua afeição,sofrendo o fogo de outras armas em outras fardas.












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