INSÍGNIA E LEMA

INSÍGNIA E LEMA
CONQUISTANDO OS CORAÇÕES SE VENCE A LUTA

segunda-feira, 20 de maio de 2019

26ª CONFRATERNIZAÇÃO - 2019 (JUBILEU), EM ABRANTES

                    JUBILEU -  50 ANOS DA NOSSA PARTIDA PARA ANGOLA 

Conforme previamente combinado e, julgamos, devidamente tratado, realizou-se a 26ª Confraternização da nossa Companhia, que, neste ano de 2019, coincidiu com o Jubileu do nosso Embarque para Terras de África, no Navio Uíge, em missão de soberania.
Presentes 91 pessoas, todas adultas, em Abrantes, na localidade do então R.I. 2 – Regimento de Infantaria nº 2, nossa Unidade-Mobilizadora -, das quais 41 eram Camaradas-Combatentes. Número muito significativo considerando os que, infelizmente, já não estão entre nós e também os condicionalismos vários, alguns de saúde (melhor dizendo, falta dela) inerentes ao caminhar na Estrada da Vida e também por outras razões de ordem pessoal cujas causas foram citadas na já habitual introdução feita pelo Camarada Carlos Jorge Mota, que forneceu mais algumas informações, nomeadamente o falecimento do Egídio, as causas da decisão tomada por si e pelos Camaradas Joaquim Costa e Manuel Carvalho, elementos intervenientes no processo, quer na selecção da cidade quer nas instalações do evento, bem como o sistema de serventia da refeição e demais dados a ele referentes. Findo esse período, guardou-se o já também tradicional 1 Minuto de Silêncio em homenagem aos que já partiram.
O Local de Concentração eleito foi o Castelo de Abrantes, atendendo a que possui espaço para parqueamento e fica situado muito próximo à Igreja Matriz na qual se providenciou por Missa para quem o desejou. O Sr. Padre proferiu uma homilia ajustada ao momento do Jubileu e houve colaboração da assistência já habituada nesta prática religiosa.
Seguidamente dirigimo-nos para o restaurante, cuja hora de concentração/chegada estava marcada para as 12:30, sabendo de antemão que iríamos receber dois Camaradas novéis: o Brito, ex-Soldado-Atirador pertencente ao 4º Pelotão, emigrado que esteve no Luxemburgo e veio de Seia, e o Viegas Fernandes, ex-Alferes-Miliciano-Atirador, Comandante que foi do 3º Pelotão, e que veio de Faro, Algarve.
Para ocupar as mitigadas chegadas consecutivas dos Camaradas e Familiares até à hora aprazada, foram servidas Entradas e Bebidas num lindo espaço ajardinado junto do qual fica um maravilhoso lago de água corrente e com passadiço em ponte de madeira.
Todos presentes, iniciou-se a entrada no Edifício-Restaurante em cujas Mesas numeradas previamente cada um sabia já o lugar que lhe foi destinado.
Entretanto, fruto dum trabalho prévio moroso e meticuloso executado pelo Fernando Temudo, ficaram em exibição permanente, em sistema de viragem automática, em dois televisores estrategicamente colocados, centenas de fotografias relativas ao nosso tempo em África, mostrando momentos de lazer e outros de acção militar, pois de tudo se viveu naquele tempo tão marcante na nossa Juventude.
Entretanto, entramos no repasto, que o estômago já não perdoava mais …
O Viegas, em dado momento, visivelmente emocionado, pediu para usar da palavra e disse: “para além das cartas que sempre recebi, há vários anos o Mota tem vindo a contactar-me para eu estar presente nos nossos Convívios. Disse-lhe sempre que não, pelas razões que explanava, mas que ele contrapunha sempre com argumentos pertinentes, mas sem me convencer. Este ano, ele insistiu e falámos ao telefone quase uma hora. Agradeço, hoje, aqui, perante todos, esta persistência do Mota pois tive a oportunidade de constatar que ele estava certo. A emoção é forte!"
Após um tempo razoável de algumas horas de plena camaradagem, bem comidos e bem bebidos, e a indispensável amena cavaqueira, chegou o momento que o Camarada Carlos Jorge Mota entendeu ser o ideal para a sua intervenção especial:

Aqui está ela:

“Faz hoje precisamente 50 anos, meio século, portanto, - como estamos todos velhos!!! - navegávamos no Uíge já entre a Madeira e as Canárias, com excepção do então Alferes Vieira, aqui junto a mim, e do Fontes, que já se encontravam em Angola, o nosso destino. O mar revoltoso entre Lisboa e a Madeira estava já para trás. Procurávamos distrair-nos, uns bebendo, bebendo, bebendo, bebendo; outros jogando cartas, dominó ou xadrez; outros ainda segurando um livro ou uma revista, mas nada lendo, apenas com um olhar fosco na linha do horizonte e o pensamento difuso… Tudo rotina a bordo, com um calcorrear, de quando em vez, para ver a Bandeirinha que sinalizava a posição do navio.
O nosso Segundo-Comandante, então Major Lousada, já no Golfo da Guiné, reúne-se com os Graduados e faz-nos consciencializar para a realidade que a nossa viagem não se tratava de um Cruzeiro e diz-nos: “Meus senhores: Estamos prestes a chegar ao destino. Não sabemos ainda onde nos colocarão. Todavia, iremos passar por situações muito complicadas, onde quer que nos encontremos. Um Comandante, seja qual for o seu escalão de Comando, mesmo que esteja a borrar-se de medo não pode de forma alguma transparecê-lo para os seus Homens. Tem que aguentar firme o momento e segregar a necessária adrenalina para o suster. De contrário não será um Comandante, mas um simples elemento fardado com algo em cima dos ombros. Já passei por essas situações de medo. Portanto, sei do que falo."
Aí, despertámos para a verdade nua e crua da Guerra, que nos esperava.
Hoje, é politicamente correcto designar essa Guerra por Guerra Colonial. Mas, à época, e aprendíamos na Escola, que Portugal era plurirracial e pluricontinental, do Minho a Timor, não detinha Colónias, mas sim Províncias Ultramarinas. Só os menos vulneráveis a esta filosofia, talvez por conhecimento político mais avançado, e era uma minoria elitizada, não a designariam dessa maneira, e seria em surdina, por Guerra do Ultramar.
Hoje, em Democracia, poderemos opinar legitimamente da pertinência daquela Guerra. Porém, naquele contexto, estávamos a dar o melhor de nós, a sacrificar a nossa juventude pela defesa do desígnio de então, e nós abraçámo-la com patriotismo. Não fomos voluntários, é certo, mas nem por isso deixámos de cumprir com lealdade, com camaradagem e espírito de corpo, com denodo e muita abnegação. Alguns dos nossos, do Batalhão, caíram lá, e tínhamos cerca de 20 anos …
Nada temos, portanto, que exorcizar, porque lutámos por um ideário que, à época, era causa eminentemente nacional, a dominante e inquestionável.
Muitos dos nossos já partiram, alguns deles connosco confraternizaram em Encontros anteriores, mas é a Lei da Vida. Já Camões a ela se reportou. Por isso guardámos 1 minuto de silêncio, em sua homenagem.
Hoje, já passados dos 70, a maioria de nós somos avôs, constatamos que constituímos uma Família, a nossa Família Militar, e com ela queremos e deveremos continuar a conviver, pelo menos, uma vez por ano.
Bem hajam por me ouvir e permitir-me este desabafo. Só um Combatente, e quem com ele compartilhou em família a sua ausência e sofreu, por vezes com lágrimas, essa intensa ansiedade entenderá, na sua verdadeira dimensão, o significado que esta Confraternização tem para nós.
Viva a Companhia de Caçadores 2506 ! "


Chegada ao Ponto de Encontro

Castelo de Abrantes - Ponto de Encontro

Missa Tradicional (sempre que possível)

Colaboração da assistência nos actos evangélicos




Foto conjunta dos presentes na Missa (outros houve que já se haviam ausentado)

Zona ajardinada para concentração final - Local de serviço de Entradas e Bebidas

Serviço de Entradas e Bebidas

Zona envolvente

Degustação e boas-vindas




Ementa e Mesas Numeradas de 01 a 09

Introdução ao evento pelo Camarada Carlos Jorge Mota e ...

... colocado em ponto estratégico


Bolo do Jubileu

O estômago já reclamava

O novel Viegas Fernandes















Viegas Fernandes questionando-se: por que não veio antes?












Intervenção do Camarada Carlos Jorge Mota

Carlos Jorge Mota

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