INSÍGNIA E LEMA

INSÍGNIA E LEMA
CONQUISTANDO OS CORAÇÕES SE VENCE A LUTA

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

27ª CONFRATERNIZAÇÃO -2023

 NOTA: A última postagem, feita ontem, mas reportando-se a data anterior, deste ano, 2023, foi a primeira aqui colocada após o tempo da Pandemia que nos assolou, porque durante esse período nada de relevo havia para assinalar, ressalvando algumas informações que foram repassadas via Mural da Companhia no Facebook. A razão foi só essa e não qualquer eventual desinteresse pela dinâmica deste Blogue. Foi retomada, portanto, a subsequência permanente e constante deste meio de contacto.

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Caros Camaradas da Companhia de Caçadores 2506:

Conforme postagem de 19 de Fevereiro, Sábado passado, dia 6, reunimo-nos na nossa 27ª Confraternização, desta vez no Entroncamento, evento só este ano conseguido realizar perante a Pandemia que nos assolou.
Local aprazível, bem servido - Restaurante Bytrincanela - onde pudemos desfrutar dum sã convívio, revermo-nos e revivermos tempos por vezes muito difíceis, mas inesquecíveis da nossa memória colectiva.
Presentes 95 pessoas, das quais 44 Camaradas e a viúva do Camarada Angelino, falecido há poucos anos e em cujo funeral uma delegação da Companhia de Caçadores se fez representar.
Entre os convivas, tivemos o gosto de connosco compartilhar o momento o Dr. Ribeiro da Cunha, médico nosso acompanhante durante uns tempos na Coutada do Mucusso, Acácio Sampaio, em representação do Batalhão de Cavalaria nº 2870, e Idálio Alegre e Ascendino Almeida, elementos que foram do Grupo de Combate da Companhia-Irmã 2504 e que nos foram reforçar no Cuando-Cubango tendo como destino o Destacamento da Coutada do Luengue.
O nosso Maior Branco Ló, por razões de saúde, espera-se que temporária, não pôde estar presente como desejava, mas enviou uma Mensagem por mim lida e inclusive falou pelo telefone durante o evento, embora em condições precárias de audição. Ficou a marcante intenção.
Intervenções houve, por mim e pelo Luís Frade, este aludindo a uma placa evocativa colocada por si e pelo Domingos Bernardo no túmulo do nosso então 1º Sargento Amândio Vilares, posteriormente Capitão, e sugerindo uma nossa futura homenagem a efectuar em terras transmontanas, atendendo à alta consideração de que ele (Amândio Vilares) sempre usufruiu naquelas paragens, donde era natural e onde sempre foi benquisto. Assunto a ponderar.
O Ajax, como é seu apanágio, tomou o microfone e presenteou-nos com umas canções em que revelou a sua capacidade vocal.
Mensagem do nosso Maior Branco Ló:
" Carlos
Com um forte e amigo abraço, agradeço a continuada franca e aberta relação que fez com que o Batalhão de Cavalaria 2870 e a Companhia de Caçadores 2506 se mantenha viva e bem presente no companheirismo, recordações e inesquecíveis vivências que se traduzem numa amizade que teimosamente persiste e não desiste, porque existe.
Malta da 2506!
Começo por vos pedir desculpa, e não faço esta declaração para ser simpático. É a verdade. Não estou hoje e agora aqui convosco, como tanto desejava, apenas e só porque o estupor do meu esqueleto atravessa uma fase particularmente difícil e me traiu. E já agora, permitam-me perguntar se algum de vós, na situação honrosa e privilegiada de mais de 50 anos volvidos sobre uma vivência intensa e perigosa, ao ser distinguido com um convite, obviamente desinteressado, feito por homens que com ele a partilharam durante longos 10 meses, não se sentiria orgulhoso e até mesmo emocionalmente tocado por tudo isso e, como tal, a estar presente? Mas não estou, porra! Assim sendo, Malta, a todos vós, que comigo viveram e conviveram, eu, José Maria Barroso Branco Ló, renovo as minhas desculpas e peço que me acompanhem num brinde à amizade, à gratidão, à saudade que nos une e ao futuro que nos permita manter vivo este espírito e esta vontade de assim continuarmos, enquanto por cá estivermos.
Viva a 2506 e o meu sentido abraço para todos vós e para as vossas famílias. Mas importa dizer que, não estando eu presente, o Batalhão de Cavalaria 2870 aqui se faz representar na pessoa de um grande amigo e companheiro, o jovem Acácio Sampaio. "

Intervenção do Camarada Carlos Jorge Mota:
" Normalmente falo de improviso, mas hoje vou ler o que rascunhei por ter receio de me esquecer de algo que reputo de importante.
Gosto de escrever e adoro História. Devo informar que o Livro FARDA OU FARDO? - AQUÉM E ALÉM-MAR EM ÁFRICA, de minha autoria, já com 3 edições, está na Biblioteca Central da Liga dos Combatentes, que mo solicitou e por cuja recepção o General Chito Rodrigues me endereçou uma Carta - que li -, e, no contexto das comemorações deste ano do 25 de Abril, fazendo a ponte para a Guerra do Ultramar, foi escrita uma crónica por um amigo ex-Padre, na Revista Voz Portucalense, onde aborda excertos do Livro, que considera muito marcantes, e que algum orgulho me proporciona e que julgo honra o nosso Batalhão, mormente a nossa Companhia, pois desconheço que mais alguém, dos cerca de 650 homens do 2872, tenha também escrito algo sobre o nosso trajecto.
Bom, adiante! Não vou fazer nenhum discurso, mas apontar apenas algumas reflexões.
Caríssimos Camaradas, Minha Família Militar:
Estamos todos já ultrapassados nos ¾ de Século, portanto, mesmo não sendo velhinhos, somos, no mínimo, já… antiguinhos. É a altura de eu desabafar o que me vai na alma, pois não sei se para o ano ainda cá estou ...
Como não me aturaram nestes últimos 3 anos, e em cada ano falo à volta de 4 minutos - tenho, pois um crédito de 12 -, mais 4 deste ano perfaria 16, mas … vou só utilizar metade. Espero não ser chato, entediante e muito menos constrangedor e mal interpretado nas minhas intenções.
Após 19 anos de nojo desfardado e disfarçado, de reflexão e de posterior ânsia de contactos com quem comigo compartilhou momentos que jamais se apagam na nossa memória colectiva, peguei eu neste Barco em 1990, na Liga dos Combatentes em Coimbra, sob alguma responsabilidade e risco financeiro pessoal. Sugeri em 1991 ao Capitão Santana, após a cerimónia militar que fizemos na nossa Unidade Mobilizadora, que, para se evitar banalização, nos juntássemos só a cada 5 anos, decisão rapidamente intuída por mim como um grande absurdo, de culpa só minha. Retomámos então em 1996, sempre sob a minha batuta, mas já sem o nosso Capitão, precocemente desaparecido, e, sensibilizados por essa perda, não mais abdicámos de confraternizarmos anualmente. Posteriormente, e após decorridos uns tempos, eu quis passar a pasta, não é que estivesse cansado pela responsabilidade inerente, até me dá algum gozo, mas por algumas críticas mesquinhas e incompreensões normalmente provindas de quem espera sempre sentado … e que, como sempre, vai deixando de aparecer. Mas, diz o adágio: “só fazem falta os que cá estão”. Houve quem se opusesse de imediato a esta minha observação então feita, com o argumento de que a tarefa estava muito bem entregue. Então eu anuí, mas sugeri que, para evitar as indispensáveis deslocações de exploração a grandes distâncias, eu fosse auxiliado por algum Camarada da terrinha onde faríamos a Confraternização seguinte, o que nem sempre aconteceu. Este é um tema!
Agora vou colocar o nosso enquadramento na matéria que vou abordar e não estranhem o que vou citar. A razão decorre de tentar fazer a ponte histórica da NOSSA GUERRA, sim, porque nós estamos aqui porque constituímos uma Família de Camaradagem imperecível que foi argamassada naqueles quase três anos de Farda Verde e de Camuflado. E para isso tenho que recuar no tempo. … Vão compreender já o porquê!
Não divagando, mas, pelo contrário, procurando ser objectivo, gostaria de dizer que percorridos já cerca de 48 anos do fim das hostilidades em Angola, na Guiné e em Moçambique (sim, porque em 1975, após o 25 de Abril do ano anterior, portanto … ainda se morreu em combate, de ambos os lados, porque os Movimentos aumentaram a sua operacionalidade para ganharem mais força na Mesa de Negociações), mas, dizia eu, poderemos actualmente reflectir sobre a pertinência daquela Guerra, nos Planaltos de Cabo Delgado, de Tete ou do Niassa, em Moçambique; nas Matas, nas Florestas e nas Savanas de Angola; ou nas Bolanhas da Guiné. No meu entendimento, nada temos que exorcizar porque, independentemente da posição individual ideológica pertinente de cada um agora, teremos que nos contextualizar naquele período e, na altura, era uma matéria eminentemente nacional, e, mesmo não tendo sido nós voluntários, pelo menos a grande maioria estava mentalizada no cumprimento dum dever, deu o melhor de si em plena juventude, defendendo o que era considerada à época a Pátria distante no Ultramar. A Política dá ordem às Forças Armadas, independentemente do regime instalado, autocrático ou democrático, e Elas executam o que lhes for determinado. Assim aconteceu. E nós estávamos em idade militar e coube-nos integrá-las e executar essa missão.
Falando um pouquinho da História-Pátria, só um resumo muito espremidinho, e servindo-me das palavras proferidas pelo nosso Comandante às Forças em Parada em Santa Margarida, junto à Igreja, na altura da despedida a caminho do Paquete Uíge. … Lembram-se? “Portugal é obra de Soldados!” Assim o disse ele. Digo eu agora: Nascido em 24 de Junho de 1128 na Batalha de São Mamede, pela mão do nosso Rei-Fundador, formalizou a sua Independência perante o Reino de Leão em 5 de Outubro de 1143, em Zamora. Posteriormente, em 1179, o Papa Alexandre III colocou o Reino Português sob a sua protecção, o que era importantíssimo na época. Curiosamente … 5 de Outubro, dia da Implantação da República em 1910, Dia-Feriado que, pasme-se, foi temporariamente suspenso em 2013.
Fomos, como outros que nos precederam, os continuadores de OBRAS VALEROSAS que o nosso Poeta-Expoente-Máximo cita na sua Obra Universal: Os Lusíadas.
Auxiliados por Arqueiros ingleses, impusemo-nos em 1385 em Aljubarrota, derrotando os Castelhanos, que tinham do seu lado tropas francesas.
Três séculos depois, em 1640, o traidor Miguel de Vasconcelos, amante da Princesa de Mântoa, mandatária do “espanhol” Filipe III, foi assassinado e ressurgiu de novo um Rei Português, D. João IV, O Restaurador, cuja uma das filhas, Catarina, da nova Dinastia ora criada, de Bragança, casou com Carlos II (o actual, que está hoje mesmo a ser coroado, é Carlos III), que pertencia à Dinastia Stuart britânica, e levou para lá o hábito tradicional português do chá, da compota de marmelada, do uso de talheres, sim, de talheres, pois em terras britânicas comia-se ainda com as mãos ... Como dote, levou ouro, a cidade de Tânger e também Bombaim (hoje denominada Mumbai), esta última na península indostânica, através da qual os ingleses se alavancaram para a formação dum Império no Oriente.
Por fim, já no Séc. XIX, as Invasões Francesas, que, apesar da ida para o Brasil da maioria das Tropas Portuguesas Profissionais juntamente com a Corte, os Terços de Infantaria de Abrantes (donde emergiu a nossa Unidade Mobilizadora, o R.I. 2), os Dragões de Olivença, de Estremoz (geradores da futura Unidade Mobilizadora do Batalhão de Cavalaria 2870 que fomos reforçar nas Terras-do-Fim-do-Mundo, em Angola), juntamente com Forças do Norte, apoiadas por Tropas Britânicas sob cujo comando de Beresford, futuro Duque de Wellington, ficaram, nunca permitiram que os franceses se instalassem estavelmente no país, sem guerrilha, por isso houve 3 Tentativas de Invasão, como aprendemos na Escola, sob o comando dos Generais franceses Junot, Soult e Massena.
Espero não estar a ser maçador, vou já terminar, mas estou a tentar fazer uma ponte para o que abordarei a seguir. Citei estes eventos porque nós também entramos aqui, nestas façanhas. Fomos continuadores duma epopeia que se renovou em permanência. Pertencemos a uma geração, homens e mulheres, sim, as mulheres também, quer assegurando uma rectaguarda de apoio psicológico precioso e até indispensável quer no Campo de Combate, como as incontáveis voluntárias Enfermeiras-Paraquedistas que tantas evacuações fizeram nos Allouets mesmo debaixo de fogo intenso. A nossa luta, a da nossa geração, permitiu, a partir do fatídico 15 de Março de 1961 em Angola, que se criassem condições para uma futura Descolonização, já anacrónica no tempo, é certo, pela evolução das Sociedades, pois claudicaram ambiências que permitissem o surgimento de novos Brasis. Não foi a Descolonização desejada, foi a possível naquelas circunstâncias. Que sentido fazia, após a anunciação dos 3 D’s no 25 de Abril, um dos quais era Descolonização, não desmobilizar de imediato as tropas do Recrutamento da Região Militar de Angola e da de Moçambique e do Comando Territorial Independente da Guiné? Que sentido fazia continuarem com camuflado das Forças Armadas Portuguesas militares oriundos dum local que ia ser independente? Em Moçambique já representavam 53% dos efectivos totais, em Angola cerca de 47% e a Guiné tinha Batalhões de Comandos e de Fuzileiros Especiais totalmente autóctones … Ficamos sem força militar capaz de evitar uma Guerra Civil em Angola, que tanta desgraça provocou e que originou a maior ponte-aérea jamais ocorrida no mundo.
Alguns presentes pensarão: mas para que é este assunto para aqui chamado? Porque …
Analisando toda esta desgraça subsequente angolana, legitimamente nos poderemos questionar então do porquê do nosso esforço pessoal lá, perguntando: poderia Portugal ter feito melhor de modo a evitá-la? Na minha opinião, jamais teríamos essa chance, por muitos Acordos de Alvor e de Bicesse que tentássemos. E nem a FLEC foi incluída … porque o Petróleo de Cabinda falava já mais alto!
Estávamos em presença de Exércitos entretanto fortemente armados e com objectivos políticos antagónicos, e, o mais determinante, é que estava em jogo o equilíbrio geopolítico e geoestratégico das então Potências Dominantes Mundiais onde a nossa capacidade de intervenção era próxima … a zero.
Mas mesmo presenciando, já fora de cena, estas lutas intestinas, deveremos intuir que ajudámos a fechar um Ciclo, o Fim do Império mais duradouro na actualidade, 5 Séculos, após o caso Sui Generis das Terras de Vera Cruz e do momento humilhante na Índia Portuguesa, fruto da mandante cegueira política de então.
Portanto, neste fecho de Ciclo, nós fomos elementos activos desse período histórico. Por isso ganhamos o direito legal de que no nosso dia final o nosso féretro seja coberto pela Bandeira Nacional. Merecemos, pois, respeito e não o ostracismo a que os arrivistas civis oportunisticamente à espreita na sequência do 25 de Abril nos relegaram. Por coincidência temporal, e reforçando o que atrás cito, o Dr. Marques Mendes disse na TV, dia 9 passado, Dia de Páscoa que coincidiu com o Dia do Combatente, referindo-se a um artigo do Público desse dia. Ele afirmou, entre outras abordagens importantes neste tema, que somos actualmente cerca de 300.000, que temos sido maltratados pelos sucessivos governos, que a atribuição recente dum Passe de Transporte gratuito não sequer dá para ir de combóio de Aveiro ao Porto, que há gente na Sociedade que não nos vê bem, mas chamou a atenção que esta postura é um absurdo porque não fomos para África por razões ideológicas, mas sim porque fomos obrigados. E agora digo eu: nunca fomos, não somos e jamais seremos nem lixo nem peso social. Nós fizemos História e a História ninguém a apaga, por muito que as novas matérias curriculares ensinadas às gerações actuais procurem desvalorizar, omitindo-as até. Aconselho-vos a ler, a este propósito, o Artigo, intitulado OS NOVOS FAZEDORES DA HISTÓRIA, do Arqº Eduardo Varandas, Combatente como nós, Vogal da Direcção Central da Liga dos Combatentes, expresso nas páginas 16 e 17 da Revista COMBATENTE, de Março último.
Que haja gente capaz, num futuro não distante, a recolocar nos Livros a Verdadeira Verdade Histórica para que não se frustrem os esforços, os sacrifícios, o estoicismo de uma geração cuja mocidade não foi saboreada em pleno junto dos seus, para que nada tenha sido em vão, nestes quase, quase, 900 anos de existência de Portugal - faltam 5 … ou 20 para essa meta, consoante a opção de escolha (Batalha de São Mamede ou o Tratado de Zamora). Formalmente acho que deverá ser em 1143, mas eu optaria por 1128 porque talvez ainda tenha hipótese de lá chegar.
TERMINEI.

Concentração

Bolo da 27ª Confraternização

Bolos com motivos diferentes

Bolo do Jubileu do Regresso, em retrospectiva


                                                             Mesas














Os 4 magníficos da ferrugem


Colectiva




Carlos Jorge Mota


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