INSÍGNIA E LEMA

INSÍGNIA E LEMA
CONQUISTANDO OS CORAÇÕES SE VENCE A LUTA

terça-feira, 31 de março de 2015

HOMENAGEM A TODOS OS CAMARADAS JOAQUINS


Nossa sincera homenagem a todos Joaquins deste mundo !
Foi esta madrugada em plena baixa de Lisboa que morreu Joaquim. 
Não era actor nem artista. Não era famoso, nem conhecido. Não tinha fama. Era só o Joaquim.

Era apenas um homem que tinha passado pela guerra, que tinha sido abandonado pela nação e pelo povo pelo qual lutou. Um homem cuja vida era passada entre um embrulho de papel e uma resma de jornais sendo estes o cobertor que noite após noite abraçava o seu corpo cansado das cicatrizes dos homens e das mulheres que por ele passavam e nem um olhar lhe dirigiam. 
Era o Joaquim. Homem que não se achava merecedor de uma cama quente, de um duche tranquilizante, de um prato de sopa que lhe apaziguasse o rato que amiúde lhe roía o estômago. Era o Joaquim de botelha na mão, carro do mercado nas unhas com o qual transportava os seus bens mais preciosos.
O Joaquim...
O homem de sobretudo roto, barba comprida entrançada pela sujidade do ar, rugas profundas resultado de uma vida cansada, desnorteada, carente de um ombro amigo, de uma palavra de alento, de um sorriso infantil.
Morreu o Joaquim.
Aquele que sorria para todos sem troco, que brincava aos loucos com plena consciência do seu estado de miséria, aquele cujo os seres passavam e diziam:
- Este é que a leva bem sem preocupações. 
Sim...
Foi esse o Joaquim que morreu.
O Joaquim que tu, eu e ninguém quer ser mas que ninguém está livre de lá chegar. 
Morreu o Joaquim. Sem honras, sem reconhecimento. Profundamente esquecido por uma sociedade hipócrita e egoísta de falsos principais apregoados a vista de todos e olvidados em privado.
Morreu o Joaquim...
Aquele que um dia pode vir a ser qualquer um de nós.
Morreu e foi enterrado em pleno silêncio.

(Dinis Portugal Neto)
31 de março de 2015

Comentário-exemplar no Facebook:
Armando Tomé Um texto comovente que reflete bem o ostracismo a que têm sido devotados pela sociedade os ex-combatentes, mais um que sofreu na pele a desdita de ter combatido numa guerra mal-amada.

Homenagem da Companhia de Caçadores 2506 a este Camarada.
                                   

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